Quando O Menino chegou à escola, havia uma movimentação intensa de alunos no pátio, posicionando-se para uma 'hora cívica'.
Não sabendo como funcionam as coisas por aqui, posicionamo-nos com os outros alunos.
Ao ver a coordenadora pedagógica da escola fui ao seu encontro e perguntei se devíamos ficar ali.
Ela perguntou se ele havia tomado seu café, respondi: chegou agora.
Explicou-me que independente de qualquer atividade da escola, primeiro deve-se levar O Menino pra tomar café.
Fomos à cozinha, sentamos noutro banco do pátio.
Durante a execução do Hino Nacional, cantei parte dele.
O Menino sorria expondo todos os dentes.
É a primeira vez que vejo seus dentes.
Continuei cantando. Ele fez um gesto junto as costelas como quem toca violão.
Falei: 'Isto mesmo! Depois que eles saírem vamos tocar violão.'
Na biblioteca(1) com os instrumentos, repetimos a atividade do dia 02.
Desta vez, enquanto tocávamos, improvisei vocalizes no estilo bip-bop, na intenção de motivá-lo a imitar-me.
São sons divertidos e de fácil dicção.
Uma professora abriu a porta da sala, me encarou com olhar repreensivo, não disse nada e fechou a porta com extrema violência.
Considerando que não fui comunicado possível incomodo gerado pela música e que a coordenação da escola decidiu que devo substituir a professora de música nas atividades de musicalização, continuamos nossa suave melodia.
Durante o recreio os alunos da outra 6ª série vieram brincar com o Menino enquanto estávamos sentados no banco.
Eles se divertiam e novamente senti a desconfortável sensação de trote quando as brincadeiras dos ditos normais tornaram-se agressivas.
Pedi que parassem e que deixassem o Menino em paz.
A solução foi passear com O Menino pelo pátio de mãos dadas.
Descobri que enquanto segurava a mão do Menino estes meninos, que nos seguiam, não davam empurrões, nem encontrões e nem chutavam seus calcanhares enquanto caminhávamos.
Na sala de aula seu comportamento foi surpreendente.
A turma foi dividida em grupos para trabalharem aquele texto do Almir Klink (2).
Nosso grupo era o mais inquieto. Com cochichos e risadinhas divertidas.
Embora a professora de Língua Portuguesa tenha odiado e socializava seu aborrecimento com a turma, deixei-o a vontade para observar as reações.
O Menino começou a fazer carinho com a mão aberta, como aquele que fazemos nos bebes dando delicados e repetidos 'tapinhas', na parte de cima das mãos dos colegas.
Depois começou a fazer massagens nos ombros dos colegas.
Ele é um menino carinhoso que presa a afetividade.
Hoje é o segundo dia consecutivo que não lançou objetos.
- na verdade trata-se de um depósito de materiais gerais; deveria receber a identificação de almoxarifado.
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